terça-feira, 11 de outubro de 2016

Dia do Perdão - Iom Kipur


PERDÃO

Com início ao pôr do sol do dia 11 de outubro até o anoitecer de 12 de outubro, os judeus do mundo inteiro celebrarão o Yom Kipur. As palavras hebraicas “yom” e “kipur” significam “Dia do Perdão”, a mais importante e sagrada data do judaísmo.




É um dia dedicado à contrição, ao jejum e às preces, celebrado em Tishrei, o sétimo mês do calendário religioso hebraico e primeiro do calendário civil, 10 dias após Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico. O Yom Kipur marca o final dos “Dez Dias Temíveis” e ‘concede ao judeu a última oportunidade de obter o perdão e a absolvição divinos pelos pecados cometidos no ano que se encerrou.’ Esta é a premissa da maioria dos judeus.
Mas teologicamente a canção, transformada em oração, escrita e pronunciada em aramaico ao final do Dia do Perdão, o Kol Nidre, especifica que as promessas e juras que um judeu fez ou faz, não tem validade. Sua origem é atribuída aos judeus Caraítas. Tal canção e incorporação dela era relativa a todos os movimentos de conversões forçadas dos judeus, primeiro ao catolicismo e depois, a partir do final do século 7, ao islamismo. No Dia do Perdão os judeus pediam perdão ANTECIPADO a Deus, caso fossem obrigados a se converter no ano seguinte e determinavam que tal conversão não teria validade para os judeus, mas seria feita para continuarem vivos. Era apenas isso.
Em meados do século 19, a comunidade judaica da Polônia, a maior do mundo mais de 2,5 milhões de pessoas mudou o sentido do Kol Nidre para pedir perdão para as promessas e juramentos ocorridos no ano anterior. Assim, nas sinagogas e comunidades de origem polonesa, se pede pelo ano que passou e nas outras, pelo ano que se inicia. Como o Kol Nidre não é cantado em hebraico, praticamente nenhuma pessoa entende o que está cantando em aramaico.
Há várias orações em aramaico na liturgia judaica, inclusive o Kadish que é a principal delas. O Talmud é especificamente claro sobre o funcionamento litúrgico dentro de uma sinagoga, especificando que apenas a leitura da Torá tem que ser feita em hebraico e todas as outras orações e canções podem ser feitas em qualquer língua, menos em árabe. Já as orações individuais, feitas privadamente, em casa, podem também ser feitas em árabe.
Nenhuma das “promessas e juramentos” se refere, teologicamente, a promessas pessoais ou comerciais, ou a juramentos judiciários. Nestes casos vale a lei do país e qualquer coisa que leve a um pedido de desculpas em relação a outro judeu ou não-judeu precisa ser feito pessoalmente. Há dez dias para fazer isso e acertar sua própria consciência. Cabe salientar que ninguém é obrigado a aceitar tais desculpas, mas é costume ceder.
Os adultos judeus (a partir dos 13 anos de idade) se colocam em jejum de 25 horas (vinte e cinco mesmo), do anoitecer da véspera do feriado até o anoitecer do dia seguinte. Embora a maioria da população judaica de Israel não seja religiosamente observante, o Yom Kipur permanece um dia especial para todos e sustenta este caráter único.
Muitos judeus que definem a si mesmos como laicos e não visitam a sinagoga ao longo do ano vão aos serviços religiosos neste dia especial e muitos outros observam o jejum, completa ou parcialmente.

Além do jejum, um dos rituais mais curiosos desta data são as Kaparot. Para a véspera de Yom Kipur é realizado um ritual de reparação, que consiste no giro de uma galinha viva, ou peixe, sobre a cabeça do judeu envolvido no ritual, na crença de que os pecados desta pessoa serão transferidos para a galinha, que é então abatida. Este ritual é acompanhado por preces especiais. Esta galinha é costumeiramente ofertada aos pobres ou vendida, neste caso a quantia arrecadada é destinada à caridade.

Em 1913, nessa foto publicada em O Malho podemos ver os homens judeus utilizando seus chapéus normais no Iom Kipur dentro da sinagoga. Vemos também algumas das velas longas de cera de abelha
Outro costume judaico antigo trazido pelos sefaradim europeus, abandonado no Rio de Janeiro, segundo o Rabino Stauber, apenas em meados dos anos 60, era o acendimento de velas longas de 24 horas, feitas com cera de abelha (portanto amareladas). Acendia-se uma vela por parente falecido conhecido.
As cerimônias do Yom Kipur não acontecem apenas nas sinagogas. Como há um afluxo da grande maioria das comunidades judaicas no mundo inteiro, é normal o aluguel de salões de festas, salões de clubes ou associações, para a instalação de uma sinagoga só para aquele dia. Antigamente, quando havia poucas sinagogas no Rio e SP este costume era muito disseminado. Um dos clubes que sempre recebia os judeus era o Clube Ginástico Português. A medida em que as sinagogas foram sendo construídas o costume foi sendo abandonado, mas ainda existe por parte das sinagogas vinculadas à Reforma, que apesar de serem grandes espaços, tem uma presença muito grande nesta data. Salões de clubes judaicos também costumam ser transformados em sinagogas.
Em Israel é comum que salões de hotéis abriguem uma sinagoga a cada shabat (sexta-feira) e no Iom Kipur também. E não se pode esquecer da infinidade de bunkers em hotéis e outras repartições em Israel utilizadas no Dia Perdão, afinal de contas é preciso oferecer espaço para cerca 6,5 milhões de judeus
Em 1936 o costume de manter os chapéus de uso diário na sinagoga continuava firme. Esta foto foi tirada no Iom Kipur na sinagoga do Centro Israelita do Rio de Janeiro, pelo O Jornal

Informações de @Portal Menorah

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